Na noite de 2 de junho de 2025, o Eixo Temático de Análises Clínicas e Toxicológicas promoveu palestra “Empreendedorismo e Inovação: desafios à vista”, ministrada pelo professor Carlos Alberto Tagliati, docente titular de Toxicologia na Faculdade de Farmácia da UFMG. O evento telemático reuniu estudantes, pesquisadores e profissionais interessados nas transformações do mercado e no papel estratégico da inovação nas ciências farmacêuticas.
Com um currículo de destaque — mestrado e doutorado pela USP, pós-doutorado em Harvard, além de experiência como empreendedor e coordenador do mestrado profissional ITPI — Tagliati trouxe uma análise crítica e abrangente sobre o cenário atual do empreendedorismo científico no Brasil.
A palestra começou com uma reflexão sobre como o empreendedorismo deixou de ser uma alternativa e passou a ser uma necessidade tanto para os profissionais do mercado quanto para pesquisadores acadêmicos. “Hoje, o empreendedorismo é cultura. É mudança de mentalidade”, destacou o palestrante, reforçando a urgência de inserir esse pensamento desde a formação básica até o ensino superior.
Tagliati pontuou o avanço institucional no tema, lembrando que, desde 2021, o Senado aprovou a inclusão formal do empreendedorismo e da inovação nos currículos escolares. No entanto, alertou para alguns retrocessos, como a queda do Brasil no ranking global de produção científica — que passou da 11ª para a 13ª posição entre 2021 e 2024 —, e ressaltou a importância de transformar conhecimento em soluções aplicáveis à sociedade.
Durante a apresentação, o professor também destacou a força das universidades brasileiras no campo do empreendedorismo. Segundo ele, a USP, Unicamp, Viçosa e UFMG lideram o ranking das instituições mais empreendedoras do país, demonstrando que a academia tem se esforçado para reduzir a distância entre pesquisa e mercado. No caso da UFMG, salientou a existência de programas e disciplinas voltadas exclusivamente para a inovação e o empreendedorismo tecnológico, o que mostra um comprometimento crescente com a formação transdisciplinar dos alunos.
“O desenvolvimento da bioinformática, por exemplo, só foi possível pela união entre diferentes áreas, como matemática, estatística, ciência da computação e biologia. A palavra-chave hoje é transdisciplinaridade”, reforçou.
Ao fim da palestra, o professor Carlos Tagliati reforçou que, especialmente na área farmacêutica, as oportunidades são vastas para aqueles que souberem unir ciência, criatividade e visão de mercado. “O exemplo da Unicamp mostra que é possível transformar pesquisa de ponta em negócios de impacto. A inovação nasce da capacidade de conectar ideias, pessoas e propósitos.”
O evento foi mais uma iniciativa relevante dentro do Eixo Temático de Análises Clínicas e Toxicológicas, promovendo debates sobre os rumos da ciência brasileira e incentivando uma nova geração de profissionais a pensar de forma empreendedora.
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