O “PRÊMIO DE INOVAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS – PRÊMIO PIO CORRÊA”   foi instituído pela Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil com a  finalidade de estimular pesquisadores que atuam nas diversas áreas das Ciências Farmacêuticas.

O prêmio tem por objetivo incentivar, reconhecer a criatividade e homenagear publicamente os mais destacados pesquisadores e empresas que investem no desenvolvimento e lançamento de novos produtos, processos, métodos e serviços para o segmento farmacêutico.

O Prêmio Pio Corrêa foi instituído com a finalidade de reconhecer publicamente e estimular profissionais que atuam no Brasil nas diversas áreas das Ciências Farmacêuticas relacionadas à biodiversidade brasileira. Mais do que o mérito científico, a iniciativa busca destacar trabalhos com impacto na sociedade.

 

A botânica no Brasil tem grande dívida com um homem cuja vida foi praticamente toda dedicada a ela: Pio Corrêa, autor, dentre mais de uma centena de obras científicas, do Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas, que, em seis volumes, 4200 páginas, reúne descrições de quase dez mil plantas. Leonam de Azeredo Penna, ex-diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a ele assim se referiu: “Em sua estruturação original, sem ser baseada em qualquer congênere e até agora não imitada nem igualada por quantas apareceram em outros países, é o Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas”, obra da maior utilidade prática na literatura botânica mundial, presente em bibliotecas de instituições científicas do Brasil e do exterior.”

Nascido na cidade do Porto, Portugal, a 6 de maio de 1874, Manoel Pio Corrêa desde cedo teve contato com o universo dos livros. Seu pai, Ignacio Miguel Corrêa, era editor e livreiro e amigo de Camilo Castelo Branco, então o maior nome da literatura portuguesa.

Bastante moço chegou ao Brasil, indo estudar na Escola Agrícola Luiz de Queiroz, onde se especializou em geologia, através da qual surgiu seu interesse pela botânica, pois quando trabalhava em Santa Catarina, ao lado de Henrique Lage, buscando encontrar jazidas de carvão, localizou o carvão associado a camadas de ardósia, na qual aparecia gravado um verdadeiro herbário, perfeitamente conservado, de espécies vegetais fósseis. A vista desses vegetais fósseis despertou-lhe primeiramente o desejo de identificá-los por sua classificação científica. A seguir, viria o interesse de estudar e classificar as espécies vivas.

Entre o final do século XIX e início do XX, percorreu os sertões que cobriam, então, boa parte do estado de São Paulo, participando do levantamento hidrográfico das bacias dos rios Tietê, Feio, Grande Peixe, Aguapeí e Ribeira de Iguape. Percorreu em canoa mais de mil quilômetros de rios entre São Paulo e Mato Grosso, período em que travou estreita amizade com Cândido Rondon.

Ainda em solo paulista, desenvolveu importantes estudos sobre o cultivo do arroz na região de Iguape e Cananéia, sobre as restingas do litoral sul e as madeiras nativas do estado.

Em 1908, por concurso público, tornou-se naturalista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. No ano seguinte, publicou seu primeiro livro, Flora do Brasil, alcançando grande êxito dentro e fora do País. Em 1910, percorreu todo litoral fluminense para estudar sua vegetação, o que resultou em diversos estudos.

A partir de 1912, empreendeu longa viagem pelas Américas, Europa, África e Ásia, já tendo por preocupação escrever o Dicionário e por desejo estudar, no próprio habitat, as plantas trazidas ao Brasil pelos colonizadores.

De volta ao Brasil, publicou Plantas Têxteis e Celulose, em 1918. Logo depois, passaria a dedicar-se ao Dicionário, cujo primeiro volume é de 1926, o segundo de 1931 e o terceiro, pronto para ser impresso às vésperas de sua morte prematura, em Paris, a 21 de fevereiro de 1934, esperou mais de 20 anos para vir a lume, assim como os três restantes, somente publicados graças ao empenho de Leonam de Azeredo Penna em organizar os manuscritos.

Os últimos anos de vida foram dedicados aos estudos e pesquisas no exterior. Na Itália desenvolveu longas pesquisas no Jardim Botânico de Palermo e no Real Jardim Botânico de Nápoles. No Egito dedicou-se ao estudo da cultura e industrialização do algodão e da cana-de-açúcar no vale do Nilo, passando também pela Palestina, Síria e Turquia, até fixar-se na França, onde a convite de Auguste Chevallier, então diretor do Museu de História Natural de Paris, trabalhou até morrer.

Homem cuja obstinação e coragem o levaram a embrenhar-se por espessas selvas, enfrentando todo tipo de hostilidades, dizia sempre que “de todas as deusas, é a flora a mais benigna, porquanto incapaz de causar qualquer malefício, é ela quem dá aos homens e aos animais não só o seu alimento, mas o próprio ar que respiram”

Precursor na discussão sobre a preservação da flora brasileira, foi um dos redatores do Código Florestal Brasileiro. Membro de mais de uma dezena de entidades científicas nacionais e estrangeiras, viveu sempre modestamente, administrando parcos recursos paras suas viagens. E ao morrer, exceto sua grande obra, nenhum outro bem material deixou.

Sobre o autor: Angelo Mendes Corrêa é Mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (USP), professor e jornalista.