
Dra. Juliana Amorim ministrou a palestra Biodiversidade brasileira como chave para o tratamento da DRC: desenvolvimento de um fitoterápico a base de Cana do brejo Costus spiralis (Jacq.) Roscoe
A Dra. Juliana Mendes Amorim para apresentar os resultados obtidos ao longo de mais de 15 anos de pesquisa, que mostram o potencial de uma espécie brasileira no tratamento da DRC, uma das principais causas de óbito no mundo.
O Acadêmico Hilton Oliveira foi o moderador dessa atividade do Eixo Temático Biodiversidade, Plantas Medicinais e Inovação que tem como coordenadora a Acadêmica Rachel Castilho.
Foi apresentado um estudo realizado pelo Laboratório de Farmacognosia da UFMG, com a espécie Costus spiralis, desde 2009.
No primeiro estudo realizado, extrato etanólico das folhas secas de C. spiralis apresentou atividade antiedematogênica por via oral em modelo de edema de pata induzido por carragenina em camundongos Swiss. Prospecção fitoquímica por Cromatografia em Camada Delgada (CCD) e reagentes seletivos demonstrou a presença de flavonoides, saponinas, triterpenos e esteroides no extrato (GARCIA, 2011). Por meio de um fracionamento biomonitorado, verificou-se que duas frações derivadas desse extrato foram ativas após administração oral. A fração eluída com acetato de etila:metanol 30:50, rica em flavonoides, mostrou-se ativa assim como a fração hexânica, constituída principalmente de ácidos graxos, terpenos e esteroides. Conclui-se que os resultados poderiam sugerir que as classes de substâncias citadas teriam relação com a atividade demonstrada. A flavona escafosídeo isolada da primeira fração, também apresentou potencial atividade anti-inflamatória no mesmo modelo (GARCIA, 2011). Considerando esses resultados, prosseguiu-se como estudo da espécie objetivando-se a obtenção de um extrato com maior concentração de flavonoides e a avaliação em modelos experimentais relacionados ao uso etnofarmacológico para doenças renais.
Estudo posterior demonstrou o efeito nefroprotetor de extrato hidroetanólico 80% de folhas da espécie em modelo experimental de nefrotoxicidade induzida por cisplatina in vivo nas doses de 5, 15 e 30 mg/kg. O mesmo extrato foi capaz de inibir a produção do Fator de Necrose Tumoral (TNF) em células THP-1 estimuladas por lipopolissacarídeo (LPS) de forma dose-dependente nas concentrações de 10, 30 e 90 µg/mL. Os resultados permitiram sugerir que a atividade na recuperação da função renal estava relacionada a mecanismos anti-inflamatórios, sendo necessária investigação mais aprofundada para confirmação. Nesse trabalho, observou-se ainda a presença majoritária de flavonas C-glicosiladas da apigenina na espécie, sendo elas escafosídeo, identificado previamente por Garcia (2011) e vicenina-2, sendo o primeiro relato da presença dessa substância na espécie. Além das duas flavonas, foi possível identificar mais quatro isômeros do escafosídeo, cujas estruturas ainda não foram determinadas inequivocamente (AMORIM, 2017; AMORIM et al., 2022; CASTILHO et al., 2021).