Dr. Pablo Alves Marinho compartilhou sua experiência de mais de 10 anos na análise de novas substâncias psicoativas (NSPs), abordando o papel fundamental do profissional farmacêutico na identificação dessas moléculas em contextos laboratoriais e de saúde pública.
As NSPs, segundo definição da ONU, são substâncias de abuso que não estão listadas nas convenções internacionais de controle de drogas, mas representam sérios riscos à saúde pública, podendo causar intoxicações, dependência e até óbitos. Embora chamadas de “novas”, muitas dessas moléculas foram sintetizadas décadas atrás, mas passaram a ser recentemente reutilizadas e modificadas para burlar legislações.
A principal estratégia do mercado ilícito é modificar levemente a estrutura química de substâncias já controladas, criando variações que escapam da legislação vigente. Essas alterações químicas mínimas geram compostos ainda não regulados, com efeitos muitas vezes mais tóxicos e pouco estudados.
O palestrante também contextualizou os marcos regulatórios, destacando as três convenções da ONU (1961, 1971 e 1988) e a Portaria 344 da Anvisa como instrumentos principais para controle dessas substâncias no Brasil. Foi apresentado o crescente número de NSPs no mundo (mais de 1.000 identificadas em 2020), evidenciando o desafio constante para as autoridades.
Por fim, Pablo relatou a atualização mais recente das convenções da ONU em março de 2025, que incluiu novas substâncias, como opioides sintéticos, um canabinoide semissintético (OHHC) e o carisoprodol, relaxante muscular agora classificado como substância controlada internacionalmente, com possível regulação futura pela Anvisa no Brasil.
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