MÁRCIO ANTONIO DA FONSECA E SILVA
Farmacêutico Bioquímico pela Faculdade de Farmácia da Universidade do Recife, pós-graduado em Administração Hospitalar pela Academia Brasileira de Medicina Militar, em Patologia Clínica pela Sociedade Nacional de Patologia Clínica, em Contabilidade Hospitalar pela Escola de Administração de Empresas Fundação Getúlio Vargas, Professor livre docente de Toxicologia – Universidade de São Paulo.
Em sua carreira recebeu diversas honrarias e prêmios: Carta Patente do Exército Brasileiro com elogio por serviços prestados no posto de 2º Tenente R/2 Artilharia, Premio Internacional 2013 Espanha. Alcaliber-Iberoamérica. Trabalho: “Targets and limitations of drug delivery for Leishmaniasis treatment with conventional and modified-release medicines”.
É possuidor de diversos colares acadêmicos: Academia de Letras de São Paulo, Academia Nacional de Farmácia, Sociedade Paulista de História da Medicina, Sociedade Paulista de História da Farmácia e Ciências Afins, Real Academia de Farmácia da Espanha, Academia de Ciências Farmacêuticas do Chile, Academia Brasileira de Administração Hospitalar e Candido Fontoura Mérito Industrial Farmacêutico – Brasil.
É possuidor de diversas Comendas – Ordem Principesca de Piedra de Boriquen – Grau de Comendador – Principado de Andorra; Soberana Ordem dos Cavaleiros de São Paulo Apóstolos – Grau de Comendador; Mérito Farmacêutico do Estado de Pernambuco.
Medalhas Recebidas: Ana Nery, Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, Mérito Integração Nacional, Mérito Farmacêutico Paulista CRF-SP, Mérito Farmacêutico CRF-PE, Pedro Álvares Cabral, Mérito Farmacêutico CFF e Medalha Copacabana, entre outras.
Atividades Profissionais: Farmacêutico do Laboratório Farmacêutico Internacional – LAFI. Diretor do Serviço do Serviço de Assistência Farmacêutica do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual – IAMSPE, onde ocupou cargos de confiança em diversas Comissões. Diretor e Farmacêutico Responsável da FIBROCIS – Com. Imp. Exp. e Representações Ltda (assessoria e assistência farmacêutica direcionada para profissionais da área da saúde e pacientes portadores de Fibrose Cística).
Professor e Coordenador de diversos cursos, participou de diversas Jornadas e Congressos Nacionais e Internacionais e participou de diversas bancas examinadoras de concursos públicos. Teve participação em diversos projetos relacionados com a saúde pública, foi Membro da Comissão Consultiva Mista do IAMSPE, Secretaria da Saúde – SP, Membro da Comissão Permanente de Revisão da Farmacopeia Brasileira – Ministério da Saúde. Publicou diversos trabalhos científicos e proferiu diversas palestras e conferências no Brasil e no exterior.
Foi Secretário Geral, Vice-Presidente e Presidente do Sindicato dos Farmacêuticos no Estado de São Paulo, Secretário e Presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo, Secretário e Presidente do Conselho Federal de Farmácia, Secretário Geral da Academia Nacional de Farmácia.
Foi Patrono das turmas de concluintes de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal do Maranhão e Universidade Federal do Ceará, e Paraninfo das turmas de concluintes de Farmácia da Universidade Federal do Maranhão, Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Universidade Federal de Pernambuco.
Atualmente é Acadêmico Correspondente no Brasil para Assuntos Técnicos Científicos do Instituto de España – Madrid – Real Academia de Farmácia, Membro Correspondente Estrangeiro da Academia de Ciências Farmacêuticas do Chile, Diretor do Sindicato dos Farmacêuticos no Estado de São Paulo e Membro do Conselho Fiscal da Academia Nacional de Farmácia, entre outras atividades.
Posse na Academia Nacional de Farmácia – 28 de junho de 1974
Discurso na Academia Nacional de Farmácia
Posse na Real Academia de Farmácia da Espanha
Prof. Aquiles Arancibia Orrego, Dr. Márcio Antonio da Fonseca e Silva
Posse na Academia de Ciências Farmacêuticas do Chile em 26 de setembro de 2002
Discurso de posse como Membro Titular na Academia Nacional de Farmácia
Circunstância lisonjeira para mim a oportunidade de proferir algumas palavras quando ingresso neste colendo sodalício como membro titular da Academia Nacional de Farmácia.
Não sei de homenagem mais digna, mais alevantada, mais refletida de sacralidade. Não sei se a mereço.
Em contrapartida, tenho a consciência de tudo haver feito modestamente no sentido de valorizar a Farmácia e de situá-la digna e adequadamente, em posição de justo relevo, dentro do quadro global em prol da saúde pública brasileira.
“Bem aventurados os povos que guardam em seus escrínios esse tesouro portentoso, porque tais memórias têm a virtuosidade das lendas mitológicas que sempre inflamam nos corações diante do exemplo e das imagens florescentes, da nobre tarefa humana da construção do amanhã”. – Farmacêutico Rodolpho Albino Dias da Silva, nascido aos 5 de agosto de 1889 na cidade de Cantagalo neste Estado do Rio de Janeiro.
Nesta sessão solene, elevo meu olhar para as alturas e, numa prece, exalto a memória daquele que, para gáudio de todos nós no decorrer de sua existência, constituiu-se exemplo a ser seguido por seus semelhantes.
No corpo de saúde do exército brasileiro prestou serviço em diversos estados da federação e retornando ao Rio de Janeiro no Laboratório Químico Farmacêutico, na então seção de farmácia galênica.
Ainda como militar atuou em outras unidades, aplicando seus inesgotáveis conhecimentos de química, biologia e botânica.
Como civil, sua passagem também ficou fortemente marcada. Atuou no Laboratório de Inspetoria de Farmácia e Saúde Pública.
Pesquisador incansável no campo da química, da botânica e dos vários ramos da farmácia. Como artista desenhava desde as plantas de suas pesquisas a peças anatômicas solicitadas por seus amigos cirurgiões.
Apesar de todas essas atividades, ainda lhe sobrava tempo para colaborar com algumas revistas da época fazendo caricaturas e poesias.
Após muitos anos de trabalho, demonstrando sua dedicação e espírito patriótico, elaborou sozinho o projeto da 1ª edição do Código Farmacêutico Brasileiro.
Dedicou grande parte de sua existência na elaboração da Farmacopeia Brasileira.
Com a convicção própria dos sábios, demonstrou no decorrer de sua vida fecunda as legítimas aspirações do farmacêutico, chama que se mantém até hoje em todos nós.
Na pira de seus ideais, porque são os ideais da nossa pátria, plantou uma nobre semente.
Entretanto, para que essa semente possa germinar, é necessário que todos nós, sem barreiras e preconceitos, propiciemos condições favoráveis ao culto do saber.
É o que a Academia Nacional de Farmácia, ao longo destes anos através de cursos, simpósios, palestras, jornadas, ou sempre que surge uma oportunidade, procura.
Para ninguém é segredo que a Farmácia Brasileira atravessou período de longa e perigosa letargia.
Por culpa dos próprios profissionais que foram pouco a pouco alijando-se do seu campo de trabalho, que foram abrindo mão de suas prerrogativas, que foram cedendo naquilo que constituía o seu legítimo direito.
A Farmácia Brasileira foi sendo invadida por leigos que, sem nenhuma habilitação ética ou científica, viam apenas e tão somente o aspecto meramente mercantil, como se Farmácia fosse um simples negócio, destinado a satisfazer insaciável fome de lucros – quando nós sabemos que a farmácia é prestação de serviço público do mais alto nível e que, dentro do seu imenso âmbito profissional estão o farmacêutico e o farmacêutico-bioquímico destinados a contribuírem de maneira decisiva para a elevação do padrão de saúde do povo brasileiro, para o progresso e desenvolvimento nacional, pois país nenhum será desenvolvido com povo fraco e doente.
Assim, pouco a pouco, a figura do farmacêutico, que sempre ocupou papel de relevo dentro da sociedade brasileira, foi sendo jogada para modestíssimo segundo plano, ao mesmo tempo em que a profissão tornava-se desacreditada, ignorada pelas novas gerações e esquecida pelas diversas regulamentações e dispositivos legais que regem o exercício das profissões liberais.
Porém, e a verdade seja dita, a classe farmacêutica teve a coragem e a grandeza de reconhecer este marasmo e esta letargia em que afundava.
Teve o mérito indiscutível de iniciar um movimento para reagir contra este estado de coisas e para dar à Farmácia a grandeza já quase perdida.
E neste movimento a Academia Nacional de Farmácia revê papel preponderante – e foi sobretudo graças a esta atuação consciente e decidida apoiada pelos Conselhos e demais entidades de classe, que este movimento já pode ser considerado vitorioso, embora ainda haja muito por fazer.
Atualmente, é uma profissão em plena ascensão, graças ao preparo técnico-profissional que seu currículo proporciona. O farmacêutico é um dos profissionais mais requisitados pelo esforço desenvolvimentista, seja para atuar nos laboratórios de pesquisa ou de análises clínicas e toxicológicas, seja para trabalhar nas indústrias químicas ou farmacêuticas, de cosméticos, de alimentos.
A figura do farmacêutico destaca-se nos hospitais, por sua atuação na farmácia, banco de sangue e laboratórios, na cátedra universitária, no desenvolvimento de novos fármacos, no campo imenso da farmácia pública, o farmacêutico retoma o lugar que sempre foi seu, de direito e de fato.
Na farmácia pública, ao mesmo tempo em que alerta a comunidade sobre o consumo indiscriminado dos medicamentos e adverte sobre possíveis contra-indicações, constitui-se também numa verdadeira barreira contra o desvio de tóxicos e outras substâncias capazes de gerar dependência física e psíquica.
Vemos, portanto, que o farmacêutico, qualquer que seja o campo em que atue, é sempre um defensor da saúde pública e agente do bem-estar social.
Mais do que nunca precisamos cultivar o conhecimento associando a ética à chama do ideal, de maneira que cada um tenha inteira consciência do papel que lhe cabe desempenhar.
Senhor Presidente Prof. Evaldo de Oliveira
Senhores Acadêmicos
Sei que não é fácil para quem dirige uma entidade do porte da nossa benemérita Academia Nacional de Farmácia coordenar esforços ou atividades para que ela atinja seus objetivos mantendo intocáveis suas origens e aspirações.
Todavia, tenham a certeza que serei fiel a essas tradições envidando todos os esforços para atender ao lema que encima o pórtico dessa augusta casa: “Somente a Farmácia Científica Sobreviverá”.
Muito obrigado. Que Deus nos ilumine.
Rio de Janeiro, 28 de junho de 1974.