![](https://cienciasfarmaceuticas.org.br/wp-content/uploads/2025/02/Sessao-solene-ovos-academicos-emeritos_FT-Beto-Assem-59-scaled.jpg)
Nota de Pesar Falecimento do Dr. João Paulo Silva Vieira, ocorrido hoje, 03 de fevereiro de 2025
É com profundo pesar que recebemos a notícia do falecimento do Dr. João Paulo Silva Vieira, ocorrido hoje, 03 de fevereiro de 2025. O Dr. João Paulo, com sua trajetória de vida exemplar, marcou de maneira indelével a história das Ciências Farmacêuticas, da Medicina Militar e da Saúde Pública no Brasil.
Presidente Emérito – gestão 2017 a 2019 – da Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil/Academia Nacional de Farmácia, foi Membro Titular da Academia Brasileira de Farmácia Militar, Membro Titular da Academia Brasileira de Medicina Militar, Membro Efetivo da Academia Brasileira Maçônica de Letras e Membro Titular e fundador da Academia de Letras e Artes Lusófonas, de Portugal.
Possui vários trabalhos publicados, livros e texto em livro, na área científica, poética e principalmente na historiografia militar e Farmacêutica.
É detentor das seguintes condecorações – “Medalha Militar de Ouro, por contar mais de 30 anos de serviço ao Exército Brasileiro; Medalha do Pacificador, do Exército Brasileiro; Medalha da United Nation Emergency Force, ONU, Batalhão Suez; Medalha “Prêmio Nobel da Paz”, outorgada pela ONU a todos os integrantes do Batalhão Suez; Medalha General Farmacêutico Augusto Cesar Diogo, outorgada pelo Laboratório Químico Farmacêutico do Exército; Medalha do Mérito Farmacêutico, do Conselho Federal de Farmácia; Medalha da Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil/Academia Nacional de Farmácia; Medalha da Academia Brasileira de Farmácia Militar; e Medalha da Academia Brasileira de Medicina Militar”.
Discurso realizado pelo Dr. João Paulo
A elevada importância da Farmácia científica que se avultava na Europa no final do século XIX e no primeiro quartel do século XX, com a formação de entidades de classe, máxime na Itália, na Alemanha, na França e na Espanha, muito estimulou e contribuiu para se fundar no Brasil congêneres, que se tornassem porta-vozes da profissão, daí o surgimento de associações e sociedades farmacêuticas em vários estados da nossa federação.
Magnetizado pela ideia e corroborando tal assertiva, um grupo de profissionais fundou no dia 24 de agosto de 1913, a União Farmacêutica de São Paulo, com finalidade científica, tecnológica e cultural.
Enlevado pelo arquétipo da capital paulista, no dia 20 de janeiro de 1916, foi instituída na cidade do Rio de Janeiro, a Associação Brasileira de Farmacêuticos, reunindo profissionais de projeção nacional, como Rodolpho Albino Dias da Silva, Oto Serpa Granado, Carlos Benjamin da Silva Araújo, João Vicente de Souza Martins, Abel Elias de Oliveira, Virgílio Lucas dentre muitos outros nomes proeminentes da Farmácia d’antanho.
O Doutor João Vicente de Souza Martins, quando então Presidente da recém concebida Associação, vocacionado e encorajado, apresentou em 24 de abril de 1924 a luminar ideia da criação de uma instituição acadêmica de cunho essencialmente cultural e que congregasse profissionais Farmacêuticos de assinalado saber científico.
E em 10 de setembro do mesmo ano, em Assembleia Geral, em obediência ao disposto na nova redação dos Artigos 79, 80 e 81, consolidou-se a ideia de criação da Academia Nacional de Farmácia, que teria como finalidade primacial estudar, discutir, estimular e divulgar em seus variados aspectos, as ciências aplicadas à Farmácia; bem como assessorar os governos Federal, Estadual e Municipal em tudo que for de interesse público e referente aos ramos científicos da Farmácia em particular e das ciências da saúde em geral. Em consequência o Estatuto da Associação passou a ter a seguinte redação: “Quando o número de Membros do Conselho Científico da Associação atingir o número de cinquenta, será transformado na Academia Nacional de Farmácia”.(sic)
– Destarte, a data de 10 de setembro do ano de 1924, consolidou-se como o “MARCO ZERO” de concepção da Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil, sendo comemorado neste ano de 2024, o centenário de tamanha efeméride..
Nunca será enfadoso tecer loas à memória do notável Professor Souza Martins, idealizador e edificador do nosso sodalício, e pelos seus desmedidos méritos, foi com justiça guindado a ser seu primeiro Presidente e seu primeiro Presidente de Honra.
-Transcorreram-se os anos…
E o tempo, valendo mais de uma década, continuava a abrolhar os objetivos do Professor Souza Martins, congregando cada vez mais os profissionais que se alteavam em seus laboratórios e obedientes a expressão – “faça segundo a arte” – formando destarte uma plêiade de homens e mulheres que se tornaram ícones da cultura científica farmacêutica brasileira daqueles tempos.
Foi quando, treze anos após àquela predição, no memorável 13 de agosto de 1937, uma sexta-feira invernosa na Maravilhosa Cidade do Rio de Janeiro, consolidou-se o tão sonhado ideário de criação da – ‘’Academia Nacional de Farmácia’’ – cognominada a partir de então como a “Casa da Farmácia Científica do Brasil”. Na ocasião, o conspícuo Professor Souza Martins eternizou o ato com o seguinte registro: “Ufanoso estou em haver idealizado a Academia Nacional de Farmácia. É o feliz marco de uma iniciativa que cresceu, floriu e bem elevou a valência dos Farmacêuticos brasileiros. (sic)
Tempos depois, em 21 de abril de 2017, na gestão do Acadêmico Lauro Domingos Moretto, quando da convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária, realizada em sua sede social no Rio de Janeiro, foi aprovada por unanimidade a mudança do nome oficial do sodalício para uma denominação mais hodierna, representativa e abrangente de – ‘’Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil’. E o decorrer desses 87 anos de existência do nosso silogeu, empreendendo laboriosas atividades em prol das ciências farmacêuticas do País, foram assinalados com apresentação de inúmeros atividades culturais como jornadas, cursos, simpósios, palestras em diferentes rincões da Pátria e no exterior; publicação de dezenas de livros, promoção e participação em todos os Encontros da Associação Ibero-americana das Academias de Farmácia, fosse em solo pátrio ou no exterior, além de inúmeras ações em defesa da classe, dentre muitas outras e incontáveis diligências na difusão da cultura científica farmacêutica e da saúde em geral.
Neste átimo, não nos é dado olvidar, o reconhecimento pelo trabalho hercúleo dos ínclitos ex-Presidentes da Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil, aos quais, neste ensejo, rendemos um preito de perene gratidão.
Cada um, a seu tempo, consolidou-se em uma plêiade de devotados Acadêmicos com espírito de abnegação e desprendimento, entendendo e atendendo a tão prodigiosa faina, como obstinados cultuadores das boas letras, das ciências farmacêuticas e do humanismo, os quais nominamos a seguir em ordem cronológica:
- Acadêmico João Vicente de Souza Martins
- Acadêmico Virgílio Lucas
- Acadêmico Oswaldo de Almeida Costa
- Acadêmico Carlos Benjamin da Silva Araújo
- Acadêmico Abel Elias de Oliveira
- Acadêmico Gerardo Magella Bijos
- Acadêmico Olyntho Luna Freire do Pillar
- Acadêmico José Eduardo Alves Filho
- Acadêmico Mario Taveira
- Acadêmico Oscar de Morais D’Utra e Silva
- Acadêmico Militino Cesário Rosa
- Acadêmico Antenor da Fonseca Rangel Filho
- Acadêmico Luiz Affonso Juruena de Mattos
- Acadêmico Evaldo de Oliveira
- Acadêmico Geraldo Halfeld
- Acadêmico Caio Romero Cavalcanti
- Acadêmico Lauro Domingos Moretto
- Acadêmico João Paulo Silva Vieira
- Acadêmico Acácio Alves de Souza Lima Filho
- Acadêmico Michel Kfouri Filho, e o atual Presidente,
- Acadêmico Dante Alario Junior.
A terminação deste breve histórico sobre a Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil, concito a todos os membros do sodalício – Farmacêuticos, Médicos, Dentistas e Médicos-Veterinários, além de outros confrades afinizados com as ciências da saúde mas não inseridos nas profissões citadas, a prosseguirem resolutos na
azáfama pela manutenção da altiva posição ocupada pela nossa instituição em âmbito nacional, na difusão da cultura das ciências farmacêuticas em particular e das ciências da saúde em geral; nos cuidados e na defesa de uma sociedade melhor assistida nos parâmetros da saúde, contribuindo para o banimento dos males e dos entraves que a cada dia assolam a população, posicionando destarte a Academia como um autêntico e benfazejo baluarte representativo da profissão Farmacêutica no Brasil.
– Muito obrigado e tenham todos uma boa noite.
São Paulo, SP, 16 dezembro 2024.
João Paulo S. Vieira-Presidente Emérito